Tuesday, February 5, 2013

Professor Almerindo Marques Bastos


Este é o segundo da minha lista de professores do Colégio Macedo Soares em São Paulo. Achei que estava sendo meio negativo, falando mal de pessoas que nem conheço, e percebi que era hora de falar bem de pessoas que fizeram muito, mas que são anônimas na Internet. Meus professores. Chega de Ana Paula Oliveira, Xuxa, Jo Soares, Richarylson. Já falam demais desse pessoal.

O magérrimo Professor Almerindo tinha cara de professor. Já meio careca, com aparência pálida, com óculos e bigodão, poderia ter feito o papel de professor em qualquer filme. Era professor de matemática, e, sem dúvida, diferenciado. Pois foi o Professor Almerindo que mais entusiasmou meu irmão para uma carreira acadêmica, segundo ele mesmo me admitiu anos mais tarde.

As aulas do prof. Almerindo eram bem estruturadas, de um nível mais alto do que eu esperava para o primeiro colegial. Certamente seriam assim as aulas em faculdades, pensava eu. De fato, o Professor Almerindo dava aulas numa instituição superior em Campinas, depois de bater o ponto (e entenda bem, ralar) na humilde escola estadual da Barra Funda.  Sempre tive um relacionamento de ódio e amor com a matemática. Ás vezes éramos amigos, e às vezes ficávamos de mal por muito tempo. Durante o meu ano de Almerindo, tive o prazer de tirar 8,5 numa prova, mas foi o meu momento de glória. Fiquei de exame final.

O que mais me impressionava no Professor Almerindo era o fato dele morar em Santos e já estar pronto para o trabalho na primeira hora do turno da manhã. Que disposição! E depois se descambava para Campinas. Não é à toa que o homem era pálido. Algumas vezes nos encontrou caminhando para a escola, na Barão de Campinas, com seu Fusca azul claro, e nos deu carona ao Macedo.

Havia histórias de que o Prof. Almerindo jogava o apagador em quem não estivesse prestando atenção nas aulas. Nunca presenciamos esta didática apurada por que havia uma aluna repetente na nossa sala que supostamente teria reclamado do inusitado despertador à diretoria, que lhe pediu para pegar leve. Confesso que eu temia o torpedo, pois  gostava de pensar na morte da bezerra durante as aulas, e certamente teria sido alvo fácil do petardo. Nunca agradeci a menina, pois provavelmente eu teria levado algumas apagadas na cabeça.

 

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